"Pode ser injusto, mas o que acontece em poucos dias, às vezes até uma única vez, pode alterar o rumo da vida inteira!"
Autor desconhecido
De que tamanho são os seus problemas?
Talvez há um tempo atrás esta frase não me fizesse pensar tanto como agora. Sim todos nós temos os nossos problemas, e andamos emaranhados nos mesmos sem pensarmos na imensidão de coisas que temos para agradecer. E um dia, um único acontecimento, muda o nosso rumo para sempre, o chão abala, a terra estremece e tudo o que tínhamos como certo e garantido deixa de fazer sentido! Os meus problemas não são maiores que os das outras pessoas, mas hoje vejo que só eu tenho o poder de os tornar mais ou menos importantes!
Aceitar que o meu filho era diferente não foi de todo fácil, mas foi-se tornando, aos poucos, a minha verdade que não podia mudar e só me restava aceitar. Fruto do meu ventre, amor puro, verdadeiro, sem restrições! Muitas vezes me questionei, porquê a mim, porquê a ele… O meu bebé, este ser tão frágil e pequeno! Deus não podia tirar-me assim de forma repentina todos os
sonhos e desejos que imaginei para o meu filho! Foi um choque, para mim, para a
família, para todos! Quando pensamos em ter um filho queremos que tudo seja
como idealizamos, criamos dentro de nós um bebé perfeito que tentamos projetar
para a realidade e depois tudo desvaneceu, como se rasgassem todas as páginas
que já havia escrito para o meu pequeno filho. Foram dias de angústia que
passámos no hospital, tentando estabilizar a doença cardíaca do António e ao
mesmo tempo tentando assimilar esta nova situação. Mas a vida é mesmo assim, e
aprendi que lutar contra o que não tem remédio é gastar energias
desnecessariamente, e essas eu precisava para cuidar do meu filho. Juntamente com
a família, amigos e, principalmente, com o Pedro que sempre esteve ao nosso lado,
reconstitui-me, tentei-me fortalecer e acreditei com todas as forças que eu era
capaz, não havia outra alternativa e se este era o caminho então porquê querer
mudar o rumo?!